Alvos de operações recebiam informações antecipadas de funcionários com acesso ao sistema do tribunal. Estagiários foram afastados. Sede do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, em Porto Alegre
TJ-RS/Divulgação
Uma investigação do Grupo de Investigação da RBS (GDI) aponta que servidores e funcionários do Tribunal de Justiça do RS são investigados por vazar informações para criminosos alvos de operações policiais no estado. Sete servidores estão sob investigação e 14 estagiários foram afastados por suspeita de envolvimento no esquema.
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Eles teriam acessado mandados e ordens judiciais no sistema do tribunal. O órgão informa que todas as senhas de acesso foram trocadas. Também foram suspensas as senhas de cerca de 500 estagiários já demitidos, mas que seguiam ativas. O compartilhamento de senhas é irregular, diz o tribunal.
"Já há algum tempo é orientado aos servidores a não repassarem senhas. Ninguém. Senha é uma informação pessoal do indivíduo, então não pode repassar", afirma o 2º vice-presidente do Tribunal de Justiça, desembargador Antonio Vinicius Amaro da Silveira.
Durante dois meses, a investigação coletou depoimentos e teve acesso a documentos sigilosos e trocas de mensagens que confirmam a cobrança de até R$ 3 mil por cada informação que deveria ser restrita aos juízes, servidores das varas e autoridades policiais.
O Núcleo de Inteligência do Tribunal de Justiça acompanhou as investigações e, em alguns casos, foi quem identificou os vazamentos.
Em outubro, três operações policiais e do Ministério Público foram cumpridas para executar 20 mandados de busca e apreensão e três de prisão em nove cidades das regiões Central e Metropolitana do estado. No dia 20, os principais alvos foram as casas de um ex-estagiário e de uma servidora do fórum de Cachoeirinha, na Região Metropolitana de Porto Alegre.
A dupla teria vazado para uma facção criminosa uma operação para cumprir 78 ordens judiciais, incluindo 41 de prisão, antes da execução.
Seriam cobrados R$ 3 mil em troca da informação, valor que aparece em recibos enviados pela facção ao ex-estagiário. Ele utilizava a senha da servidora para realizar as consultas. Trechos dos documentos sigilosos foram encontrados nos celulares dos suspeitos.
"Eles recebiam informações consecutivas sobre quando seriam cumpridos os mandados, quem seriam os alvos. Em quais casas a polícia entraria", explica a delegada Fernanda Amorin.
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